Núcleo temático Afropessimismo e Afrofuturismo

A imensa comoção causada pelo assassinato público de George Floyd em Minneapolis (EUA) colocou novamente, em primeiro plano, o problema do racismo, que é estrutural nos Estados Unidos, no Brasil e na maior parte do mundo. Desde a abolição  em diversos países americanos, a violência escravista contra a população negra se converteu em trabalho precarizado, deixou de ser prática exclusiva de traficantes e “senhores” para um leque maior de instituições, Estatais e não-estatais, e a opressão contumaz à população negra – em suas mais diversas expressões – se traduz, hoje, em discriminação, marginalização, encarceramento em massa, extermínio, violências físicas e simbólicas, e na invisibilidade social. Nesse contexto, o pensamento negro estadunidense tem colocado em debate dois temas que se diferem, mas que se complementam. O chamado afropessimismo, ou seja, a tese de que não há qualquer mudança significativa nas condições de vida de negras e negros: que de fato seriam como “mortos em vida” como nos tempos da escravidão; e o afrofuturismo como um flanco de pensamento mais “otimista” que contempla algumas das maiores inovações negras não só no campo musical, mas também novas tendências artísticas e intelectuais no cinema, na filosofia e na literatura, especialmente a de ficção cientifica, criando futuros alternativos, atualizando uma outra africanidade.
Neste dossiê, a revista Lugar Comum, convida os mais diversos pensadores, artistas, estudantes, acadêmicos, dentre outros, a colocar em discussão a ambiguidade da condição das pessoas negras em nossa época, com artigos sobre distintos aspectos da discussão afrofuturista e afropessimista, mas num contexto crítico onde seja possível interrogar, inclusive, se os marcos da discussão racial e das lutas antirracistas nos EUA, por exemplo, podem ser considerados em outras realidades também determinadas e/ou marcadas pelo racismo.  Reunindo autores brasileiros, norte-americanos, caribenhos e africanos gostaríamos de colocar, discutir e descobrir questões as mais diversas. As contribuições devem ser encaminhados até dia  16 de julho  no site da revista.

Alexandre Nascimento
Jeudiel Martinez
Bruno Fabri
(Coeditores da LC#61)

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